Hoje visitei o museu de Rodin, o famoso escultor. Vi bem de perto sua famosa obra, “O beijo”, que já havia visto em livros, matérias de revista etc… É muito diferente ver uma obra de arte como esta ao vivo, até me emocionei, pois é muito bonito. Aquilo não é simplesmente um mármore talhado, tem muito sentimento envolvido. No museu, pude conhecer um pouco da história desta obra e de Rodin.
O beijo de Rodin. |
O Beijo, na verdade, faz parte de um conjunto de esculturas inspiradas no livro Divina Comédia de Dante Alighieri. Neste livro, os jovens Paolo e Fancesca se envolvem numa paixão proibida, mas depois são mortos pelo marido de Franscesca, que os flagra na cama. A escultura, ao contrário do resto da obra evoca sensualidade e desejo de duas belas pessoas jovens e apaixonadas um pelo outro. Isso provocou tanta emoção ao público, que depois foi individualizado do restante da obra, de conteúdo completamente distinto.
Esta bela escultura data de 1887, 4 anos depois de Rodin conhecer Camille Claudel, que foi sua melhor discípula e amante. Rodin tinha 43 anos e Camille era uma jovem de 19, linda e talentosa. Eles viveram uma paixão arrebatadora. Será que isso influenciou Rodin a expor tanto sentimento num pedaço de mármore?
A relação de Rodin e Camille não foi sempre estável. Rodin não terminou seu relacionamento com a esposa e Camille mais tarde se afastou, tanto para ter sua independência artística, quanto para viver sua vida, aliás, 23 anos é bastante diferença. Quando Camille tinha 31, ela lançou sua escultura “L’age mür”, que significa “maturidade”. Nela, uma senhora alada, de idade avançada e peito caído, leva um homem que se separa de uma bela jovem que ao chão suplica. Muitos identificaram nesta jovem Camille perdendo seu Rodin. Na verdade, ninguém sabe quem perdeu quem. A escultura data de 1899, 4 anos depois deles terem se separado.
L’age mür de Camille Claudel |
Detalhe da jovem suplicando pelo homem. |
Detalhe de L’age mür. |
É exatamente uma grande curiosidade o fato de datar de 1895 a escultura mais chocante de Rodin, “Iris”. Iris é um corpo feminino, sem cabeça e sem braço, com pernas torneados e belo torso, que está com as suas entranhas escancaradas no ar, mostrando com detalhes todo o mistério do escondido e enigmático sexo feminino. Isso foi muito tempo antes das primeiras revistas pornográficas, e tal escultura ultrapassa o limite da sensualidade, como é o caso do Beijo, e provoca o público com uma nudez chocante.
Para quem se chocou com a obra, Rodin respondeu que “Ibis” simboliza a origem do universo, aliás, todos nós viemos de lá. No entanto, Rodin conhecia o corpo humano como ninguém, e inclusive o corpo feminino, com minúcia de um anatomista e amor de um artista. Ele tinha uma grande coleção de desenhos do misterioso e escondido sexo feminino e passava muito tempo estudando-o e desentranhando-o. Fato é, que elas a deixou louco. Apesar de abusado, Rodin não colocou a cabeça em Iris, para não denunciar a dona daquele sensual corpo escancarado e provocante. No entanto, não precisamos de mais pistas para saber quem inspirou o artista.
Iris de Rodin |