No ano passado, o Tacio entrou numa via ao lado da CERJ, achando se tratar da tal. Depois de descoberto o engano, ele achou neste ano que esta linha era a Devaneios e pelo segundo ano consecutivo entrou na via errada. Tal linha, era um projeto e ele passou maus momentos pra rapelar.
Na descida encontramos a via que queríamos, mas já era meio dia... O que fizemos? Começamos a escalar!
Guiei a primeira enfiada, um quinto em rampão de "crocotência", como é chamado os lances de aderência em "crocotinhas", pequenas agarras em cristais... Na seqüência veio o Tacio, guiando um diedro em móvel com saída difícil, 7b não obrigatório que ele fez em artificial. O lance não foi fácil nem com estribos, pois as boas colocações ficavam distantes.
Como escalamos alternando, a terceira enfiada foi minha e aí aconteceu outra zica típica de Salinas...
Interpretei mal o croquis e fui muito pra direita, pegando uma canaleta que não era a que estava marcada no guia. O croquis dizia também que no final da canaleta havia uma chapa. Estiquei, estiquei e estiquei, até chegar no final da canaleta, onde pra minha surpresa havia um grampo.
Os croquis do Serginho Tartari são muito fiéis... Já sabia que tinha esticado demais e o fato da proteção ser um "P" ao invés de uma chapa, estava na cara que eu tava perdido, mas fiquei em dúvida... Desescalei e ainda fiquei passeando pela parede, pra ver se haveria uma chapa mais a esquerda e nada!
Quando estávamos quase desistindo, o Tacio disse ter visto uma chapa e a Aline também, em lugares diferentes...Olhei mais e vi uma chapa também! Fui em direção à ela... Tudo isso sem proteger em lugar nenhum, correndo risco de levar uma puta vaca! Eis que no caminho para a chapa maldita eu perdi ela de vista....
Mesmo não vendo mais, fui em direção do local onde achei ter visto a danada e só fui encontrá-la quando estava há 1 metro de distância... Apontava para a danada e na parada o Tacio e a Aline não conseguiam enxergar! Nunca tinha visto uma chapeleta que faz mimetismo!
Essa era a única chapa da enfiada, até a parada foi 60 mts de escalada por lances muito bonitos.
Continuamos a escalada alternando como sempre, sem ter mais nenhum imprevisto. O problema, no entanto, foi que entramos tarde e ainda perdi uns 40 minutos perdido na via e assim chegamos na penúltima enfiada quase a noite... Quase à noite numa enfiada onde a orientação também era difícil. Desta vez, quem tava na roubada era o Tacio, não eu! O que não quer dizer que eu não passei por apuros junto com ele, na angustia de que não encontrássemos o grampo único da parada. Foi uma grande alegria, quando no lusco fusco o Tacio gritou: Achei!
Escalamos de lanterna até a P8 e meio aflito, fui tateando a via no escuro. Por sorte esta ultima enfiada, de também 60 metros, era bem fácil e mesmo sem ter um único grampo foi bem óbvia e encontrei a ultima parada, já no cume, sem problemas...
Morro do Capacete
Tacio e Aline vindo de segundo na primeira enfiada
Tacio indo para o lance artifical da via
Aline escalando a segunda enfiada
Tacio na quarta enfiada
Procurando a parada na penultima enfiada no final do dia... E a corda tava acabando...