Em 2009 Max começou o ano viajando para escalar em
rocha. Ele com seu amigo israelense Eyal foram para a Jordânia, escalar
no deserto de Wadi Rum.
Acampamento de beduínos na Jordânia - foto de Maximo Kausch
Lá tem paredes de mais de 400 metros de arenito cheios de via, todas elas sem proteções fixas, ou seja, são vias longas de escalada tradicional completamente em móvel.
Se não bastasse eles terem repetido dezenas de vias longuíssimas, eles ainda conquistaram uma nova linha em uma Torre sem Nome. A via se chama “Chupa Camel” é um 6a (fr) e tem 260 metros e nenhuma chapeleta batida, num estilo totalmente limpo.
Orações muçulmanas no meio da parede do deserto de Rum, Jordânia - impressionante!!
Depois de ter passado mais de um mês na Jordânia, Israel e quase ter pisado numa mina terrestre na fronteira com a Arábia Saudita, Maximo veio ao Brasil, onde escalou em Minas (Andradas), São Paulo (Bragança Pta) e Paraná (São Luis do Purunã e Anhangava).
Logo depois, Maximo foi para a Argentina, onde fez o curso do WFR (Wilderness First Responder) o curso de resgate em ambientes remotos mais completo do mundo. Em seguida, ele foi para Bariloche, onde fez o primeiro módulo do curso de Trekking Cordilheira, da Associação Argentina de Guias de Montanha. Além disso, ele ainda fez um curso de escalada artificial na Pedra do Baú em SP com o Bito Meyer.
De volta, ele e eu fomos à Bolívia, onde escalamos as quatro montanhas mais altas daquele país, o Sajama (6542 metros), Illimani (6438), Ancohuma (6327) e Illampu (6300). Não tivemos moleza nestas escaladas, fizemos o Sajama e o Ancohuma com mal tempo e o Illimani abrindo caminho na neve. O Illampu é um caso à parte, ela é a montanha de 6 mil metros mais técnica da Bolívia. Max também fez uma tentativa frustrada de escalar o Parinacota de 6348 metros.
Isabel (frente) e Maximo (atrás) chegam no cume do Illampu, montanha mais difícil da Bolívia. Foto tirada por mim.
Depois da Bolívia, Maximo foi à Argentina e lá escalou abriu uma nova rota na face Leste do Cerro Vallecitos (5420 metros), a “Cordobês Trucho”, com graduação sugerida em D/D+ 800 mts IV 50/75°.
Dias depois desta conquista, ele foi para o Cerro Rincón (5280 metros), onde abriu uma nova variante na difícil Super Canaleta, uma rota já existente e que já ceifou diversas vidas devido sua periculosidade. Lá, para evitar as avalanches, ele escalou um novo trecho de rocha. O grau da rota com a variante ficou em D/D+ 1000m V 75º.
Face Leste do Cerro Vallecitos. Rota mais difícil e perigosa aberta até hoje na montanha, pois é rota de avalanche.
No meio de duas grandes escaladas, Maximo conheceu um fracasso, ao tentar estabelecer uma nova rota na face Sul do Cerro Plata (5950 metros). Lá ele foi castigado pelos Ventos Zonda que quebraram sua barraca e o arrastou pela montanha.
Em desistir jamais, Maximo voltou à Cordilheira dos Andes onde abriu uma nova rota, desta vez no remoto e difícil Cerro Tolosa (5403 metros). A rota que eles abriram ficou graduada em D+ e tem 1600 metros de desnível!!!
Vocês acham que ele fez só isso em 2009? Calma, ainda estamos em novembro, mês que Max decidiu “descansar” e ficar somente escalando em rocha, nas torres de granito de Arenales, em Mendoza – Argentina.
Isabel indo de segundo na face Leste do Vallecitos
Suportando ventos Zonda na Sul do Plata
Escalando em Arenales
Maximo e Isabel no cume do Cerro Tolosa, primeira ascensão e ainda abrindo rota há anos!
Após este
treino na rocha, Max voltou novamente para a altitude, para enfrentar
outras montanhas técnicas. Pra começar, mais um seis mil metros, o
Cerro Ramada (6384 metros), para aclimatar!
Lodo depois, ele foi
para o Pico Polaco, de seis mil metros, onde não conseguiu fazer cume
por conta das condições ruins de gelo. Esta montanha é o seis mil
metros com rota normal mais dificil da Argentina e Chile, uma vez que
fica na fronteira entre ambos países.
Após esta experiência e ficar um grande tempo esperando o tempo melhorar, Maximo fez cume no Cerro Mercedário,
a oitava montanha mais alta dos Andes. Detalhe, ele escalou a montanha
por sua temida Face Sul, a segunda maior parede dos Andes, que tem 2400
metros de altura! Max fez uma travessia total na montanha, subindo por
um lado e descendo por outro, tendo que puxar todo o equipo nas costas
nesta enorme e perigosa parede.
Esquerda, Pico Polaco, centro, Face Sul do Mercedário e direita, Cerro Negro. Foto tirada por mim desde o cume do Cerro Ramada.
Foram 3 semanas isolado na
montanha passando fome, pois ele não estava esperando um mal tempo tão
prolongado, o que o fez perder 8 quilos!
Em resumo, Maximo
esteve em 2009 em oito montanhas de seis mil metros, fazendo cume em
seis! Ele também esteve em quatro montanhas de cinco mil metros,
fazendo cume em quatro. Max abriu uma via de escalada tradicional e
mais três vias mistas de gelo e rocha em montanha de altitude. Ele
escalou em 4 países, Brasil, Argentina, Bolívia e Jordânia.
Foi ou não foi um ano e tanto? Certamente... Quem não conhece esse cara ficaria imaginando de onde ele tirou patrocínio para tantas coisas... Maximo não tem patrocínio e nunca teve.. Tudo o que ele tem foi conquistado com muito suor, pois ele trabalhou muito e nos piores empregos, para conseguir dinheiro para viajar. Isso não foi só agora, mas sim sempre... Mais um motivo para ele receber esta premiação!