Blog do Pedro Hauck: Rumbo al sur...

30 de março de 2009

Rumbo al sur...



As postagens deste blog poderão estar atrasadas, pois estou escrevendo durante a viagem, mas nem sempre encontro algum ponto de internet sem fio para manter as notícias atualizadas. Aliás, já que me chamam de garoto enxaqueca, vou fazer jus à fama e reclamar: Como a infraestrutura de turismo econômico no Brasil é desatualizada. Quase impossível achar internet wireless por aí!

Domingo 29 de março de 2009

Rodamos hoje 574 km, saindo de Curitiba e chegando em Torres – RS. O começo da viagem foi muito tranqüila, pois no norte de Santa Catarina a estrada é perfeita. Depois de Florianópolis o bicho começa a pegar. Pista Simples, muitos desvios, obras intermináveis e perigo eminente, quase um caminhão bateu em mim desviando de um sem noção que parou no meio da estrada... Realmente a BR 101, ou briói, como chamam os catarinas, é um desastre.

Chegamos em Torres à noite e fomos direto na região onde concentram-se os campings, longe do centro urbano. Reconheci a rua onde ficava um camping onde eu fiquei há 3 anos atrás, na volta de uma viagem pela Argentina. O camping em questão estava fechado e só havia lá uma opção de salgados quinze reais. Pagar tudo isso pra usar minha própria infraestrutura? Nem a pau...

Na procura de um outro camping mais barato, encontramos outros fechados e na sorte achamos uns Chalés por maravilhosos R$ 8,00. Beleza! Tá certo que o tal Chalé mais parecia uma tapera, mas o preço foi convidativo...

Segunda Feira 30 de Março

Após uma noite sofrida por causa dos pernilongos, o dia amanheceu nebuloso, mas logo abriu um belo e convidativo sol.

Fomos escalar no Parque da Guarita, uma bela praia e um fabuloso monumento geomorfológico. O nome Torres advém das Falésias com basalto de disjunção colunar, que segunda a Eliza é da unidade básica inferior da Formação Serra Geral, e é mesmo, pois deu pra ver os arenitos Botucatu na base e até mesmo conglomerados vulcânicos os Peperitos, que é quando ocorre a interação da lava e o sedimento em ambiente liquido.

Vivo pegando no pé dos esportiveiros que chamam qualquer afloramento rochoso de falésia. Falésia é na verdade quando há um desnível abrupto frente ao mar e o relevo de Torres é de fato uma falésia, com interessante erosão de base por abrasão, formando grutas localmente chamadas de furnas.

Bem, eu teria muito o que falar daquilo que vi no relevo desta região fantástica. Dunas, Falésias, linhas de pedra subsuperficiais sobre solos antigos e até mesmo cactáceas e bromélias xerófitas vivendo e competindo com as “hipomeas” da beira de praia em local onde umidade é superior à 80%. Torres é muito mais que uma bela paisagem cênica, é também uma paisagem de exceção que conta a história da natureza do continente sul-americano...

Começamos o dia reconhecendo as três torres e escalamos primeira a Torre Sul, com a Via (?) de 6 sup e a (?2) 6 grau. Vias lindas, altas e fáceis. Na torre sul havia no croquis outras vias, algumas marcadas como sendo em móvel. Entretanto fiquei muito ressabiado em entrar, pois de baixo não dá pra ver a parada e pra cima há muito caraguatá (bromélia) de forma que fica difícil uma fuga da parede.

Almoçamos um lanche (bem caro, a cidade é muito turística) e voltamos pra praia, quer dizer, pra rocha... Desta vez pra torre norte, ou torre do Farol, com vias mais curtas e mais difíceis. Entrei pra começar em um 5 sup que eu já havia feito na primeira vez que vim pra cá em 2006, na volta de uma viagem que eu e o Maximo fizemos pela Argentina (e que editamos aquele famoso vídeo “Star Wars”).

Logo quando estava entrando na via apareceu um escalador, o Ricardo, que é o único ativo da cidade. Ele nos deu umas dicas e montou um top na via Solião do Farol um 7b de entalamento em teto indescritivelmente animal! (No croquis diz ser um 8a)

Após eu ter entrado na via, foi a vez da Eliza, que mandou muitíssimo bem, com apenas uma queda. Depois dessa, o Ricardo ficou pilhado em entrar na via mais tradicional do setor, a “Master Blaster”, um 7c de posicionamento maravilhoso. Ele guiou a via de deixou as costuras para eu entrar em Pink Point. Fiz a via com queda e dando duas seguradas na costura, pois de fato, é uma via de equilíbrio, leia-se, equilíbrio na hora de costurar... Mas beleza, de primeira sempre fazemos umas jaguaríces.

Torres é um lugar espetacular para a escalada esportiva. Pode adicionar à seu potencial o fato de lá ter muitas fendas e via em móvel. Entretanto é preciso ter cuidado, pois a maresia lá é o bicho e um grampo dura apenas 6 meses! O ideal é que as vias sejam protegidas com parabolt e chapeleta de aço inox. Há muitas linhas a serem conquistadas e que dariam vias lindas. Só que é caro abrir vias de 25 metros e extensão com proteções deste tipo, então o potencial da cidade ainda é pouco explorado. Nas vias em móvel é preciso ter informação sobre o estado da parada na cabeça da via. Não adiante você saber escalar em móvel e não ter por onde descer. Fez falta aqui em Torres um binóculo igual àquele que o Belezinha usa pra ficar olhando as agarras em campeonato. Aqui seria utilizado pra procurar as proteções de rapel.

Daqui estamos indo para a região da restinga da Lagoa dos Patos. Quando possível, mandarei notícicas...

Abs.
A "Guarita"em Torres, contato entre o arenito Botucatu e o Basalto da Fm. Serra Geral.

Linhas de Pedra...

Eu escalando uma das vias...

Uma das vias na torres sul.

Karla

Altura da Falésia.

Eliza de segundo

Karla

Passagem de um teto

Eliza na Solião do Farol

Já viu isso antes?

Um comentário:

Paulo Roberto - Parofes disse...

ahahaha sabia que iria arrumar tempo pra uma escalada he he he
As fotos ficaram legais!
Abs