Eu queria caminhar, que foi uma atividade que fiz pouco este ano, que foi dedicado mais à escalada. Entretanto, tive uma inflamação no ombro e para me "recuparar" decidi que teria que subir uma montanha na Serra do Mar apenas caminhando.
Com esta previsão animadora, abri mão da infra do Clube Paranaense de Montanhismo e ao invés de ficar acampado e molhado em qualquer montanha, decidi me molhar descendo o caminho do Itupava e caminhando no Marumbi, pois lá, pelo menos teria o refúgio do Clube para, no final do passeio de "indio", ter um banho quente gostoso e o conforto de uma casa pra relaxar.
Para o Programa de indio, estive na compania das mulheres mais guerreiras deste Clube: Lourdes, Camila e Josiane. Vocês mais tarde entenderão o porquê deste atributo.
Antes que alguém venha me julgando que só vou para a montanha com mulheres, já vou me defender que este veridico fato acontece pois elas serem muito boas (no bom sentido) parceiras. As mulheres no CPM estão cada vez mais engajadas e participantes. Sabendo da previsão, elas foram as únicas pessoas que quiseram arriscar ir pra Serra com chuva. Já deixo avisado que o que tenho com elas é somente amizade e é por este respeito que temos feito ótimas parcerias, tanto em caminhadas quanto escaladas.
Neste fim de semana aconteceu que nossa programação e combinação saiu de última hora, na sexta feira... Acordamos tarde no sábado e pra piorar perdemos o ônibus para a Borda do Campo, fazendo que chegássemos no começo do caminho do Itupava apenas as 13 hs, muito tarde.
A chuva demorou cerca de meia hora para começar a cair, sendo que quando chegamos na Casa do Ipiranga já estava escorrendo água, mas até aí, já sabia que assim ia ser...
A descida pelo caminho ocorreu como no previsto: Muitos escorregões, encontros com algumas jararacas (sem grandes sustos) e poucos malucos como nós para fazer esta caminhada.
Já anoitecia quando o imprevisto aconteceu. Numa destas pedras lisas como sabão, a Lourdes perdeu o pé, caiu e quebrou um dedo da mão! Não sei como ela conseguiu esta proesa de quebrar um dedo, mas ainda bem que não foi uma perna nem braço, pois o dedo foi bem simples de pôr no lugar, tarefa por mim executada... Foi com os dedos enfaixados que a Lourdes teve que terminar o caminho do Itupava, caminhando quase 3 km... Muito guerreira!
Pra piorar, a Camila teve uma lesão no joelho e com muita dor andou ainda mais, pois já no santuário do Cadeado ela sentia bastante. Mesmo assim continuou e chegou... É a chuva fazendo suas vitimas, quando uma simples caminhada pode se tornar um inferno!
No dia seguinte amanheceu chovendo, mas depois das 10 o sol apareceu entre as árvores. Tendo nossas duas montanhistas mais velhas, quer dizer... experientes, lesionadas, apostei as fichas na Josiane para em acompanhar e fazer o conjunto do Marumbi, algo que eu nunca tinha feito antes, aliás, moro a pouco tempo no Paraná!
Pra quem não sabe, o Marumbi é um conjunto de montanhas: Esfinge, Abrolhos, Ponta do Tigre, Gigante, Olimpo, Boa Vista... Fazer o Conjunto é fazer uma travessia pelos picos maiores, no nosso caso constituia subir pela trilha noroeste até a Ponta do Tigre e de lá ir ao Gigante, depois Olimpo e enfim descer pela frontal. Simples assim! O único problema é que era tarde e eu nunca tinha feito isso, mas até aí era uma questão de não ter ido ao Marumbi com este intuito e este era o meu intuito para este final de semana.
Acompanhado pela Josi, que com seus 19 aninhos se recuperou com mais facilidade dos tombos e da caminhada de 15 Km do dia anterior partimos para a montanha às 11:30.
Apesar da pouca idade e proporcional experiência, a Josi se mostrou uma guerreira também, pois não é qualquer um que desce o Itupava e no dia seguinte encara um Marumbi, coisa que ela fez com muita naturalidade, pra não dizer facilidade. Ela nunca tinha subido uma montanha tão empinada como o Marumbi. De princípio se sentiu desconfortável com as correntes, mas sem reclamar e sem ter medo, encarou e fez muito bem. Andamos rápido e às 17:30 estávamos na estação Marumbi de volta numa boa.
Levamos uma carcada do funcionário do IAP por não termos nos registrado na entrada, mas tudo acertado, a Josi voltou para Curitiba de carona com o Nelson, um outro sócio do Clube e eu fiquei sozinho com as aranhas, não com a Camila e a Lourdes, que voltaram no trem às 16 hs, mas sim com as armadeiras que são as habitantes do refúgio do CPM nos dias de semana.
Voltei no dia seguinte, de trem novamente, aproveitando as vantagens de ser sócio de um clube de montanha, não tive que pagar a passagem. Para o próximo final de semana teremos provavelmento o décimo fim de semana chuvoso. Pra comemorar vou subir alguma montanha, qual? Vamos esperar pra ver...
Josiane em uma das pontes do Caminho do Itupava
Calçamento do Itupava
Josiane e sua primeira via ferrata
O Abrolhos entre a neblina visto do vale das Lágrimas
Mares de nuvens na Ponta do Tigre
Auto Retrato na Ponta do Tigre
O Olimpo visto do cume do Gigante
O sol insistindo em aparecer...
De tanta chuva, até as meias arriaram, mas o pé ficou seco dentro da bota.
Calçamento do Itupava
Josiane e sua primeira via ferrata
O Abrolhos entre a neblina visto do vale das Lágrimas
Mares de nuvens na Ponta do Tigre
Auto Retrato na Ponta do Tigre
O Olimpo visto do cume do Gigante
O sol insistindo em aparecer...
De tanta chuva, até as meias arriaram, mas o pé ficou seco dentro da bota.