Blog do Pedro Hauck: Chuva, muita chuva...

19 de outubro de 2008

Chuva, muita chuva...

Era de se esperar... Choveu novamente neste fim de semana e minha programação de conhecer o Ciririca, que é uma das montanhas de caminhada mais longa na Serra do Mar do Paraná, veio por água abaixo, literalmente...

Nas vésperas, sabendo como o tempo iria se comportar, todo mundo que queria ir pra Serra comigo desistiu. Ficou na roubada eu e o Paulo "Parofes", que veio de São Paulo só para a ocasião.

Conheci o Parofes pelo Orkut e ficamos trocando muitas idéias sobre montanhismo juntos. Ele é carioca, mas mora em Sampa. Faz montanha há pouco tempo, mas já foi mochilar pelos Andes, onde ele irá nas próximas féria pela segunda vez. Acabei conhecendo-o pessoalmente somente agora!

Peguei o Parofes na rodoviária às 6 da manhã e fomos para a BR rumo à Serra do Mar. No caminho, a chuva no pára-brisa já nos dizia que nossa caminhada não seria fácil. Até chegamos ver o tempo melhorar para apenas ficar nublado, mas logo no começo da caminhada a chuva apertou e em menos de 5 minutos depois de deixar a Fazenda da Bolinha, a água já escorria pelo meu corpo.

A trilha estava um córrego, a água vinha das encostas e era drenada exatamente por lá. O rio, que tínhamos que atravessar diversas vezes, também estava cheio, mas até aí tudo ia bem.

A água começou a atrapalhar quando começaram a aparecer os bambus, que enroscavam na mochila e descarregavam a águas das folhas das árvores sobre nós. Depois disso já não dava mais para escolher onde pisar e atolar os pés na lama e nas poças d'água foi ficando inevitável.

Quando chegamos nos campos de altitude, estávamos felizes por não ter mais bambus, porém, foi neste momento que a chuva começou a apertar e molhados, começamos a sentir frio por causa do vento.

Existem vários estágios de estar molhado na montanha. O primeiro, é quando a água encharca seu cabelo e começa a escorrer pelo rosto. O segundo é quando a água escorre por entre suas costas e mochila. O terceiro é quando molha sua cueca e o quarto é quando sua cueca está encharcada e a água escorre por suas pernas abaixo das roupas e entra na meia. Quando isso acontece, seu pé, de tão encharcado, faz bolhas de ar quando vc pisa no chão. Pois é, foi este o estado que em que chegamos no cume do Camapuã.

Montamos a barraca e lá dentro fizemos nosso almoço. Aproveitamos o fogareiro e secamos nossas roupas dentro da barraca. A chuva não parava lá fora...

O tempo passou e o tédio tomou conta, depois de já termos dormido, não tinha mais nada pra fazer, foi quando a chuva deu uma trégua e pudemos ir até o Tucum e até avistar algumas montanhas ao redor.

Na volta, o tempo estava aparentemente melhor. Sabendo que uma chance dessas iria durar pouco, arrumamos a mochila e começamos a descer.

Na descida, a chuva continuou mais forte. A trilha que antes estava um córrego, tinha virado um rio cheio de cachoeiras. Na baixada, chegando na Fazenda, o rio transbordou e tivemos que andar com água no joelho.

Até dirigir foi difícil. Na volta, por pouco não ficamos atolados na lama. Na BR, o excesso de água me fez ficar com medo de aquaplanagem, o que já aconteceu comigo por lá...

Não voltamos para Curitiba, eu nem teria lugar para secar minha barraca no meu ap, de tão pequeno que é... Fui para o refúgio 5.13, onde o CPM estava realizando um curso de iniciação ao montanhismo. Chegamos na hora certo, com pizza e lareira quentinha para secar nossos sacos de dormir.

Retornamos para Curitiba hoje. Fazer montanha nestas condições não é nada legal, mas vejo que todo mundo precisa de uma experiência dessas, controlada, para aprender como é e o que fazer em casos de pegar uma chuva dessas sem controle.

Todos os anos muitas pessoas se dão mal em condições de tempo como estas. Elas se molham inteiras e ficam com hipotermia. Há pessoas que se perdem, ficam sem energia no corpo ou pior, são atingidas por raios.

Ainda não existem capas de chuva para aguentar chuvas como esta que eu peguei no Tucum. Uma caminhada de algumas horas em roupas impermeáveis não dão conta do volume de água e se dão, não são transpiráveis e você ficará suado em minutos. Goretex na Sera do Mar? Ele é bom, mas na boa, não tenho coragem de usar um anorak caro no meio de bambus e espinhos, além dele perder a impermeabilidade em pouco tempo, irá rasgar fácinho.

O que é melhor fazer? Bom, se molhar com roupas que secam rápido! Aí, pelo menos, você poderá montar uma barraca e secar suas roupas. Outra coisa importante é uma barraca que não chova dentro. Acho uma sacanagem fabricantes nacionais de barracas fazerem modelos vagabundos em um país que chove tanto!

Se ir pra Serra foi uma roubada, passeio de índio ou de "corno" como dizem os nordestinos, pelo menos a experiencia serviu pra algo!

Bom, nem preciso dizer porquê desistimos de ir para o Ciririca, mas, sem chuva, eu vou pra lá...

A Floresta pluvial

Parofes secando seu saco de dormir

Espetáculo: Nuvens descendo os vales

Parofes no cume do Campuan e as nuvens

Vista do Cume do Camapuã para a represa do Capivari

Enfim, a famosa vista do Campuã para o Tucum... com chuva!

Um pequeno córrego na trilha do Tucum

Caixa de cume do Tucum

Nosso acampamento no Camapuã

O estado da trilha na volta... Um rio!

2 comentários:

Paulo Roberto - Parofes disse...

É Pedrão...rs
Foi um perrengue super engraçado mesmo!
Mas valeu. Fica marcada a vingança contra a Ciririca!
Como saímos sem nos despedir de todos, quando você rever o pessoal mande um abraço pra todos! Sabe-se lá quando irei reve-los...
Abraços e até a próxima!

Anônimo disse...

Porra, Pedro... Não perdeu a conta ainda dos FDS com chuva? Aqui choveu tb neste fds e agora sim começa a época das águas. Aí no PR pelo que me lembro não teve a estação da seca né?

Um abraço!