Blog do Pedro Hauck: Fantasmas da Conceição

11 de julho de 2013

Fantasmas da Conceição

Às 5 da manhã o despertador toca me tirando de um sono profundo e confortável. Faz frio na madrugada curitibana o que inibe até mesmo o mais chato do cachorro do vizinho. Como sempre, já estou com a mochila pronta e o café preparado, bastando apenas apertar o botão na máquina.

Mecanicamente vou para o carro e parto para a Serra do Mar com o dia ainda escuro. Na Graciosa presencio o belo espetáculo do amanhecer, com a luz amarela refletindo sobre as nuvens da umidade que sobe do chão da planície litorânea.

Rápidamente já estou em Antonina e logo percorro os 30 km de reta, na base da Serra até findar na porteira da fazenda Lírio do Vale, onde chego no final da música Echoes do Pink Floyd. Aviso meu destino e parto com o carro até onde ele poderá me levar rumo à picada da Conceição, uma estrada aberta na década de 1960 durante a construção da Usina Parigot de Souza e posteriormente abandonada e engolida pelo mato.

Vou até a bica, localizada no meio do caminho, ponho a mochila nas costas e começo a caminhada, percebendo como esta forma mecânica de acordar é excelente pra se esquecer as coisas. O martelo da Dan, ficou em casa...

Em 20 minutos já estou na ponte quebrada, onde poderia ter chegado se tivesse um 4x4. Atravesso a ruina e logo estou no trecho abandonada da estrada. O mato está alto e molhado e rápidamente já estou com a roupa encharcada. O chão está enlameado e progrido mais lento do que pretendia.

Em 3 horas, sem errar o caminho, chego à entrada da janelas da Conceição, um túnel auxiliar da usina Parigot, distante, desconhecido e enorme. Marco a altitude, a posição geográfica e a orientação do mesmo.

Uma vez dentro, me livro do frio que a umidade causa e vou caminhando na tentativa de observar as paredes rochosas que eu já quebrei em outra coleta, quando estive na companhia do Salamuni e do Edenilson. Ao invés de encontrar estes pontos, encontro vários morcegos e percebo o quão sinistro é aquele lugar sozinho, tanto é, que minutos depois, enquanto vou caminhando, ouço meus passos, minha respiração e um barulho que se pareceu com vozes humanas, que desapareceu logo que parei de andar.

Passado o susto, atravesso a zona de falhas por onde jorra agua da parede, percorro um trecho inundado e chegou ao fim do tunel, onde há uma porta de ferro lacrada, impossível de abrir. Será que do outro lado tem água?

Procuro por rochas que possam servir para minha finalidade e encontro um granito microcristalino, com grãoes visiveis e uniformes, cheio de plagioclásio, biotita e quartzo. Parece com um granito típico do terreno Paranaguá que observei no Bairro Alto. Acho curioso, pois além desta rocha, há um outra rocha negra, com predomínio de minerais máfico e no meio dele o granito graciosa, que é o granito do Pico Paraná. Geológos, o que seria isso?

Com toda a rocha nas costas, cerca de 30 kg, começo a volta e percebo que o tunel tem apenas 2 km de extensão. Fecho a porta do mesmo e volto o caminho todo com  mais facilidade do que na ida, devido o mato seco e a abertura da trilha que eu mesmo fiz, graças a ela, pude observar uma cobra Coral na trilha, pronta pro bote, que desviei com cuidado. Bicho bonito e perigoso!

Paro na ponte de manilha para almoçar e as 13:15, já estou chegando de volta na ponte quebrada, onde observo um jipe da Copel ir embora sem me ver. Por um minuto eu perdi a carona e por isso tive que caminhar 45 minutos a mais.

Na bica, tiro o excesso de barro da bota e da calça, troco a muda de roupas e começo a voltar, quase dormindo no carro de cansaço e às 16 horas já estou no meu apartamento no Uberaba.

A noite foi de pizza com o Fiori e o Otaviano, hoje seria de estrada, se não fosse por problemas que a TIM me gerou e pela mobilização nacional que fechou estradas. Ainda bem, acabo de receber o convite de participar de um programa da rádio CBN, que inclusive estava ouvindo na hora em que me ligaram falando do convite. Amanhã estou lá, 90.1, ou pelo site: http://www.cbncuritiba.com.br/site/

Pico Paraná visto por baixo e entre a névoa da manhã.

Ponte abandonada no meio do mato a caminho da janela

Entrada do túnel
 
escuridão

Companhia

Cuidado!


Nenhum comentário: