Blog do Pedro Hauck

7 de dezembro de 2020

Dicas para começar em alta montanha

 Ao longo dos anos publiquei muitas dicas de como começar em alta montanha. Você encontra-las aqui no blog, ou então nos artigos do site AltaMontanha.

Recentemente publiquei no canal do YouTube do GenteDeMontanha um vídeo com dicas valiosas para quem quer de dedicar neste nobre esporte.

5 de dezembro de 2020

Odisseia Austral, meu segundo livro de aventuras no forno

Odisseia Austral é o nome de meu segundo livro de aventuras e será lançado em breve!

Este livro conta uma história que a tempos ficou esquecida, mas que senti a necessidade de conta-las. Poucos sabem que minha origem no montanhismo se deu de forma humilde, com parcos recursos e evolui de forma autodidata. 

Em meados de 2020, estando quarentenado dentro de casa por conta da pandemia de coronavirus, assisti ao vídeo abaixo sonorizado com a musica Long Nights de Eddie Vedder. Não deu para não chorar...


Imediatamente peguei um álbum de fotos e comecei a reler um diário de 2000, de uma viagem que fiz muito influenciado pela história de John Krakauer. Este era o diário de minha primeira grande viagem. 10 mil quilômetros percorridos de carona, 5 montanhas escaladas, dentre elas uma com quase 6 mil metros e um vulcão ativo em 6 meses de pura aventura e com pouquíssimo dinheiros aos 18 anos de idade!

Por termos chego em Ushuaia, no limite de nosso continente, esta viagem passou a ser chamada de "Odisseia Austral".

Imediatamente comecei a passar a limpo minhas memórias que se transformaram numa leitura fácil, divertida e surpreendente de 260 páginas cheias de surpresas que gerarão boas risadas.

Odisseia Austral, depois de 20 anos, agora virou livro!




4 de dezembro de 2020

Animais pré históricos conviveram com o ser humano?

 Esta pergunta intriga muitos pesquisadores.

Como animais pré históricos, consideramos a chamada mega fauna pleistocênica. Animais de grande porte, com mais de 50 quilos, que foram extintos durante a crise climática de Würm-Wisconsin, a chamada "era do gelo".

Na América do Sul estes animais da mega fauna eram compostos por elefantes (Mastodonte), Tigre Dente de Sabre (Smilodon), Hipopótomos (Toxodon), Cavalos (Hippidion), Tatus gigantes (Gliptodonte), Preguiça Gigante (megatherium) e outros.

Em 2007 apresentei um artigo científico na Revista Estudos Geográficos da Unesp de Rio Claro, fazendo uma interpretação de desenhos de pinturas rupestres do Parque Nacional da Serra da Capivara no Piauí à luz do conhecimento da Teoria dos Refúgios Florestais, gerando a hipótese de que à época da crise climática de Würm-Wisconsin o sudoeste do Piauí, onde fica a Serra da Capivara, tinha um clima mais úmido, diferente do atual e que a vegetação da região fosse o cerrado e não a caatinga, como temos hoje em dia.

:: A TEORIA DOS REFÚGIOS FLORESTAIS E SUA RELAÇÃO COM A EXTINÇÃO DA MEGAFAUNA PLEISTOCÊNICA: UM ESTUDO DE CASO

Animais da mega fauna. Foto Pedro Hauck

Animais da mega fauna. Foto Pedro Hauck

Recentemente este assunto veio à tona com a descoberta de um sítio arqueológico na Colômbia, numa região anteriormente controlada pelas FARC´s e que por este motivo permanecia desconhecida do mundo. 

Em tal sítio arqueológico, chamou atenção uma belíssima pintura rupestre onde novamente, como no Piauí, são representados animais da mega fauna, o que leva a indagações sobre a idade da extinção destes animais na América do Sul, o que sustenta a hipótese aventada por mim em 2007, que os refúgios pleistocênicos foram não apenas de vegetação, mas também da fauna e por que não para a mega fauna que poderia ter sobrevivido esta crise climática e se extinguido mais recentemente.

Painel com pintura rupestre na Colômbia onde animais da mega fauna são representados. Fonte: DW.

A região onde este sítio arqueológico se situa é uma região descrita pelos idealizadores da Teoria dos Refúgios, (Vanzolini, Haffer, Prance, Ab´Sáber) como um refúgio pleistocênico.

Aguardando os próximos capítulos deste apaixonante objeto de estudo.


20 de outubro de 2020

De Che Guevara no Popocatéptl, a Rudel no Llullallaico

Algumas semanas atrás, me dediquei a escrever dois artigos curiosos sobre montanhismo. O primeiro deles, intitulado "Antes da revolução cubana, Che Guevara se dedicou ao montanhismo", conta uma história que descobri recentemente que afirma que o médico e guerrilheiro argentino logrou escalar a segunda montanha mais alta do México, o Popocatéptl, que tem 5420 metros de altitude. 


Che Guevara no Popocatéptl
Che Guevara no Popocatéptl

Este grande vulcão apresenta uma grande beleza cênica e junto com o Pico Orizaba e outras montanhas mexicanas, sonho um dia escalar. Já havia ouvido falar que Che havia tentado escalar o Popocatéptl, mas sem sucesso. No entanto, me deparei com uma matéria de um site argentino que resgatou a história da tentativa bem sucedida de cume que aconteceu no dia 12 de outubro de 1955.

Fui massacrado e  sofri cancelamento por escrever uma matéria de curiosidade sobre Che Guevara que é ícone da esquerda. No entanto, decidi não responder nenhum comentário e nem mensagens que me foi enviada. Já que no próprio texto não há nenhuma menção à ideologia de esquerda, tão pouco o foco não é relacionado a nenhum episódio político envolvendo o revolucionário, que na época ainda era um médico argentino que morava na cidade do México. 

Rudel no Llullallaico

Poucos dias depois, escrevi um segundo texto: "Hans Ulrich Rudel, piloto da Luftwaffe e montanhista que encontrou ruínas incas nos Andes". Em comum com o primeiro texto, é uma história de um homem que lutou numa guerra defendendo um lado que ocasionou coisas horríveis. Neste caso, o nazismo. Rudel foi julgado, mas absolvido por crimes de guerra. No entanto, mesmo tendo se livrado da pena de morte, ele ajudou na fuga de um dos maiores criminosos do holocausto, o médio alemão Josef Mengele, que veio a morrer no Brasil. Condenável? Com certeza, mas o artigo não focou nesta faceta do nazista escalador que realizou seus feitos sem uma das pernas, amputada na guerra. O texto novamente era uma curiosidade histórica sobre um personagem da direita e não uma doutrinação nazista e como esperado ninguém me criticou, se ofendeu ou se revoltou por isso.

Abaixo deixo a foto de Czeslawa Kwoka, 14 anos, uma criança. Ela foi executada em Auschwitz em 18 de fevereiro de 1943, injetaram-lhe fenol, direto no coração. Pouco antes de sua execução, ela foi fotografada por um companheiro de prisão, Whilem Brasse. (Ele mais tarde testemunhou contra o carrasco de Kwoka.) Czeslalawa, apavorada e espancada, não falava a língua de seus carrascos e havia perdido sua mãe apenas alguns dias antes. Ela é uma das cerca de 250.000 crianças executadas em Auschwitz-Birkenau, de Josef Mengele, que graças a seu amigo Hans Ulrich Rudel que usou de seu prestigio com políticos argentinos e paraguaios para se esconder no Brasil. Mengele faleceu por motivos naturais sem nunca ter sido julgado por seus crimes em nosso país em 1979.


Minha pergunta: Por que a revolta contra o texto de Guevara e um silêncio total em relação à história de Rudel e Mengele?


19 de outubro de 2020

Sou testemunha da evolução da Bolívia

 Minha primeira vez na Bolívia foi no ano de 2001, numa viagem que fiz por terra.

Saí de São Paulo de ônibus, atravessando a fronteira em Corumbá/Puerto Suarez e tomando o "trem de la muerte", na classe mais barata, até Santa Cruz de La Sierra, onde segui viagem de ônibus.


Centro de La Paz em 2001. Foto Pedro Hauck

Centro antigo de La Paz em 2001. Foto Pedro Hauck

Viagem de ônibus entre Sucre e Santa Cruz em 2001. Foto Pedro Hauck

Estrada entre Sucre e Santa Cruz em 2001. De terra. Foto Pedro Hauck.

Cidade no interior perto de Potosí em 2001. Foto Pedro Hauck

Subindo os Andes, parei em Cochabamba, depois segui para La Paz e atravessei a fronteira em Copacabana para seguir caminho até Cusco no Peru e depois conhecer Machu Picchu para retornar por um caminho mais ou menos parecido, porém desviando de Cochabamba, passando por Potosí, Sucre e retornando a Santa Cruz.

O ultimo trecho de estrada, entre Sucre (uma das capitais) e Santa Cruz (a maior e mais rica cidade do país), era de terra e não tinha pontes. Como era época de chuvas, tivemos que esperar até a madrugada para atravessar um rio, pois a noite diminuía o caldal, pois sua montante era tão alta que a água congelava.

Nossas roupas se enchiam de poeira, tudo era muito precário e o desconforto compensava pela aventura e também pelo preço! Era mais barato passar o mês na Bolívia viajando do que ficar em casa apenas comendo! Naquela época, 1 dólar valia 8 pesos bolivianos e a gente comia com 15 pesos! Se hospedava com 20! Era tudo muito barato para um estrangeiro, mas triste para um boliviano. Víamos o sofrimento do povo e a miséria nas ruas.

Repeti este roteiro outra vez um ano mais tarde e depois retornei o país mais 3 vezes de carro, dirigindo. As estradas de terra foram substituídas por asfalto e uma das únicas estrada que naquela época já tinha asfalto, a rodovia La Paz x Oruro, hoje é uma auto pista. Quanta mudança!

Mas não é só nas estradas, as cidades se transformaram e os preços não são mais os mesmos. Hoje 1 dólar vale 6,9 bolivianos, ou seja, a moeda local se valorizou e os preços também inflaram. Não se come com menos de 100 bolivianos e as opções aumentaram, a renda aumentou muito.

Sou testemunha da mudança que a Bolívia sofreu para melhor nos últimos 20 anos! O povo também. 

Ao longo dos últimos 50 anos, a Bolívia foi o país que mais sofreu golpes de estado na América do Sul e era o país mais pobre e atrasado. Não sou fã de político algum, pelo contrário, sou totalmente contra o personalismo político que Evo deu ao executivo no país vizinho, vide foto sequencia de fotos abaixo tiradas da bandeja de comida da companhia estatal de aviação:




Torço para que a Bolívia dê a volta por cima, deixe para trás as mazelas, respeite a democracia e continue sua evolução deixando para trás os personalismo e o autoritarismo do passado.