No dia 11 de Março de 2011 houve um episódio de fortes chuvas que
assolaram o litoral e a serra do Mar paranaense, ocasionando muitas
enchentes, quedas de barreiras e destruição. A região mais afetada foi a
Serra da Prata, cordão montanhoso que se eleva mais de 1500 metros
desde o nível do mar entre as cidades de Matinhos, Guaratuba, Morretes e
Paranaguá.
Chuvas muito fortes, com grande volume de água com alto poder destrutivo
são fenômenos não muito normais, mas que ocorrem com uma freqüência
episódica. Eventos como este não são exclusivos da atualidade, sendo que
o pior desastre por chuvas no Brasil aconteceu no dia 21 de Março de
1967 na cidade de Caraguatatuba-SP.
Infelizmente nos últimos 3 anos vários episódios como este aconteceram
no Brasil, a começar pela tragédia do vale do Itajaí (SC) em 2008,
passando pelas tragédias de 2010 no Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos
Reis, São Luis do Paraitinga e enfim litoral do Paraná em 2011.
Como estive em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis no meio do ano,
pude ver os estragos ocasionados na Serra fluminense que superou o
número de mortos da tragédia de Caraguatatuba. Na Serra do mar
paranaense, no entanto, pude perceber que a força destrutiva foi maior
que no Estado do Rio de Janeiro, porém houve apenas uma morte, pois a
região é menos habitada.
Em uma saída de campo realizada em meados de Outubro com o Prof. Eduardo
Salamuni da UFPR e do doutorando em geologia Edenilson Nascimento, pude
ver a força destrutiva das águas no vale do rio Jacareí na Serra da
Prata. Observei como as águas conseguiram carregar blocos do tamanho de
uma geladeira e deslocar blocos maiores que um ônibus! As fotos abaixo
são prova da força da água e um alerta e uma sugestão:
Apesar de houver apenas uma vítima fatal, a região nunca mais deverá ser
habitada. Sugiro que seja aproveitada esta necessidade para que a área
do Parque Nacional Saint Hilaire Lange seja ampliada, garantindo mais
áreas de preservação, que deverão permanecer intocadas e também fazendo
justiça social, pois a idenização com a ampliação do parque é a única
maneira das famílias que moram na região ter algum retorno por suas
propriedades destruídas que não tem mais nenhum valor de mercado.
Visão do alto vale do Jacareí, onde havia um pequeno riacho.
O pequeno riacho em 3 minutos se tornou um mega rio que destruiu tudo o que havia pelo caminho.
O rio escavou se leito, deixando exposto muitos blocos rochosos. Muitos foram carregados pela água, aumentando a destruição.
Salamuni serve como escala para percebemos o tamanho de um bloco transportado pela água.
A foto acima mostra um bloco do tamanho de um micro ônibus que foi transportado. A prova é a presença de madeira esmagada em sua base. Abaixo uma foto mais ampla do bloco. Notem o tamanho da rocha!
Um bloco que foi transportado apresenta sua prova: Diveras lacas foram quebradas quando se chocaram com outros blocos
Blocos que foram transportados, veja a quantidade de lacas destruidas pelo choque.
Preste atenção no grande bloco do centro da foto. Ele teve seu topo "decaptado" pela força de outros blcos que vieram da montante. Alguns não conseguiram transpo-lo se acumularam junto com arvores.
Notem a quantidade de riscos na parte de trás deste enorme bloco. Vejam como há riscos na parte alta dele, mostrando que rochas pequenas, do tamanho de uma televisão, sofreram tubilhonamento com a agua e arranharam sua parte superior.
Bloco que foi quebrado no choque como outras rochas.
Enorme bloco transportado se encontra no topo de outro boulder
Em muitos locais a água exumou rochas que estavam abaixo do solo e também destruiu parte deles.
Onde antes havia um pequeno riacho, agora há uma grande cicatriz!